quinta-feira, 6 de maio de 2010

Falando de coisa séria



Olá pessoal...

Aproveitando meus dias de férias, resolvi falar hoje sobre o Sistema de Ensino na União Européia. Caso alguém esteja curioso ou se preparando para um intercâmbio... é sempre bom saber como é que as coisas funcionam por aqui né?

Para começar, compartilho mais uma vez o  término do meu primeiro ano de estudos aqui na Faculdade de Arts du Spectacle na Université Lumière Lyon 2. Foram 8 meses estudando, conhecendo e aprendo sobre arte e descobrindo também, as mudanças feitas ao longo de quase 10 anos no sistema de ensino daqui da UE e inevitavelmente da França.... que como eu já disse, é bem diferente do brasileiro. 

Para entender melhor... vamos às contextualizações...

Esse ano de 2010 é o ano limite para que todas as instituições de ensino da União Européia, implatem as adaptações previstas pelo Tratado de Bolonha. 

Mas o que é esse tal de Tratado de Bolonha

O Tratado de Bolonha, firmado em 1999 por ministros ligados à educção de 29 países do velho continente, prevê a unificação de currículos, créditos multi-validados e estudantes com livre mobilidade, ou seja, a criação do Espaço Europeu de Ensino Superior. É lógico que a preocupação inicial desses ministros não era exatamente a melhoria do sistema de ensino europeu, mas uma estratégia de fortalecimento do bloco econômico à partir da Educação Superior. 

Para entender melhor essa situação, voltemos em meados da década de 90, às potas da consolidação da União Européia. O continente passava por uma crise onde inclusive países ricos como a Alemanha e a França estavam com índice de mais de 10% de desemprego ( em 2009 esse índice caiu para 7,4%). Enquanto isso do outro lado do oceano, os EUA  crascia como potência econômica e política, e países como a Índia e o Japão estavam preparados para enfrentar o mercado mundial, e isso significava emergência para mudanças no cenário europeu.

Para quê eu estou explicando tudo isso? Para mostrar os verdadeiros motivos dessa mudança que já provocou inúmeras discussões e inclusive greves na grande maioria das Universidades que fazem parte da UE. No entanto o processo de Bolonha pode ser visto como um facilitador do rompimento das barreiras educacionais pela homogeneização da formação em particamente todo o continente europeu.

A promoção da mobilidade e a intensificação da cooperação entre as instituições, é uma das linhas gerais da atuação do Espaço Europeu de Ensino Superior -  e isso eu posso garantir, palo menos aqui na França e na Universidade em que estou, vejo muitos estrangeiros, na sua maioria vindos da Alemanha atarvés da bolsa ERASMUS. - Para alcançar essas diretrizes, a decisão tomada foi pela criação de um sistema único que uniformize a formação entre os países que fazem parte do acordo, permitindo ao mesmo tempo a deslocação so estudantes de uma instituição a outra, aproveitando os créditos já acumulados.

Uma das modificações mais importantes da Declaração de Bolonha, se dá na unificação dos ciclos para as carreiras  superiores, que operam num formato 3 + 2 + 3, que significam 3 anos de graduação, 2 de mestrado e 3 de doutorado. Para ver mais claramente os 3 ciclos são divididos da seguinte forma:

  • Primeiro ciclo (equivalente ao bacharelado e licenciatura no Brasil) - grau acadêmico conferido após os três primeiros anos de freqüência com aproveitamento equivalente a 240 ECTS (Créditos Estudantis do Sistema Europeu, na sigla em inglês); 
  • Segundo Ciclo (equivalente ao mestrado no Brasil) - grau acadêmico concedido após dois anos de freqüência, obrigatoriamente ligado ao 1º Ciclo, culminando com a organização e apresentação de uma tese dissertação - equivalente a 120 ECTS; 
  • Terceiro Ciclo (equivalente ao doutorado no Brasil) - título acadêmico de maior prestígio, conferido normalmente após três anos, culminando com a organização e apresentação de uma tese.
É claro que esse modelo de unificação não é valido para todas as formações na UE, exemplo é a da faculdade de medicina, que seria impossível finalizar ao longo de somente 3  anos. Para nós brasileiros já é praticamente inaceitável existir uma graduação de apenas 3 anos, imaginana medicina, que isso? Não poderíamos mais confiar em médico nenhum ... hahahaha..... No entanto, para cursos como piscologia, ciências sociais, história, artes do espetáculo, letras, administração, economia, informática, engenharia, matemática, entre outros inúmeros cursos de graduação a regra é aplicável e funciona na verdade como isca para o mestrado tornando a formação menos e com bônus de Graduação + Mestrado = 5 anos.

Eu nesse caso, fico com a opção 4 anos, pois entrei diretamente no segundo ano da graduação, ou seja, pulei o primeiro ano, fui direto para o segundo, estudei durante oito meses, já estou de férias (durante 4 meses), volto de aula em setembro e já estarei no meu último ano da graduação... mas para aprimorar farei os 2 anos do mestrado! 

Como fica isso no Brasil, quando eu voltar ? ahhh.... isso já é assunto para um outro post....

Espero que tenham gostado dos esclarecimentos sobre o sistema de ensino na União Européia... mas agora pra aproveitar as minhas férias, vou preparar o Workshop de sapateado que vou ministrar nesse sábado... quem tiver interesse, vambora "claquettear" !!!

Beijos e até a próxima !

2 comentários:

  1. Norinha; adorei saber de tudo isso..boas férias e bom sapateado...beijos quase-uberlandenses da sogrinha.

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  2. Iara
    Trem Bão Saber essas coisas. Suas informações foram úteis. Espero que seja lida por muitos.
    Bjs

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